terça-feira, 30 de março de 2010

Turquia de todos os tempos

10 motivos para conhecer
Junte no mesmo destino monumentos de uma história milenar, paisagens insólitas, um povo alegre e receptivo, infraestrutura turística de primeira, além de uma gastronomia saborosa. Com todos esses atributos, fica mesmo difícil não se encantar com a Turquia. O país, considerado a porta de entrada do continente asiático, tem outras curiosidades. É o único a ser banhado por 4 mares – Mediterrâneo, Egeu, Negro e Mármara. Este último, o menor do mundo e exclusivamente seu. Por suas terras passaram mais de 12 civilizações, entre elas hititas, persas, gregos e romanos até serem conquistadas pelos turcos do Império Otomano no século 13. Como legado desse trânsito, é território de locais sagrados para cristãos e muçulmanos, que compõem 99% da população. Sem contar que preservou mais ruínas gregas do que a própria Grécia e concentra mais sítios arqueológicos do que a Itália. Detalhes que todo profissional de turismo no país gosta de destacar. Sem radicalismos, a Turquia cultiva seus patrimônios cultural e natural e fez do turismo uma força econômica. O destino fica mais próximo do Brasil a partir de março com o início de voos diretos entre São Paulo e Istambul. Os brasileiros vão adorar.
Entre dois continentes
Ela já foi Bizâncio, Constantinopla e, em 1930, tornou-se Istambul. Também foi sede dos impérios Bizantino, Romano e Otomano, num percurso de mais de 2.600 anos de história. Na parte antiga de Istambul, os monumentos e construções de um passado tumultuado são onipresentes.
Das muralhas de Teodósio, de 413 d.C., que ainda circundam parte da cidade, à mesquita Azul, finalizada em 1616. Já na geografia, Istambul é muito especial: é a única no planeta a dividir-se entre dois continentes, Europa e Ásia. Na porção europeia, que ocupa 3% de sua área, vivem cerca de 60% dos 14 milhões de habitantes. É ali também que se concentram as atrações e a vida comercial da metrópole de trânsito carregado e agitação dia e noite. Um passeio pela animada avenida Istaklal Cadessi, com seu comércio variado, bares e restaurantes, tudo funcionando até a madrugada pode comprovar. Como Roma e Lisboa, Istambul ocupa sete colinas. Tem um dos visuais mais estimulantes do planeta, com minaretes e torres espetados em sua silhueta ondulante. Como Capital Europeia da Cultura em 21010, o perfil artístico da cidade ganha mais visibilidade e, sem dúvida, atrairá mais visitantes.
Passeio pelo Bósforo
Uma das maneiras mais agradáveis de se conhecer a intrincada geografia de Istambul é navegando no estreito de Bósforo. O largo canal de 32 quilômetros de comprimento liga o mar de Mármara ao mar Negro e divide o lado asiático do europeu. O trânsito no estreito é tão movimentado quanto o da cidade. Ele é atravessado por centenas de embarcações de carga, petroleiros, barcos de passageiros e navios de cruzeiro diariamente. No cais de Eminönü é possível tomar o barco público, cujo trajeto de ida e volta até o mar Negro dura cerca de três horas, com paradas em diversos pontos.
Há também barcos particulares que fazem viagens mais rápidas ou cruzeiros noturnos. Seja qual for a opção, o passeio é imperdível. Nas margens do canal desfilam palácios como o suntuoso Dolmabahce, última sede do Império Otomano, ou o Çiragan, antiga residência do sultão Abdül Aziz, hoje o hotel mais luxuoso de Istambul. Além de mesquitas, torres e construções centenárias como as yali, residências da aristocracia otomana construídas entre os séculos 17 e 19, hoje preservadas pelo governo. Na volta ao porto, repare nas mansões salpicadas pelas colinas em meio aos ciprestes, e aprecie o entardecer tendo ao fundo a silhueta de cúpulas e minaretes da Velha Istambul.
Santa Sofia e Mesquita Azul, o legado religioso
O coração da antiga Istambul ainda bate na região de Sultanahmet graças aos milhares de visitantes que peregrinam entre suas históricas atrações. Separadas por um jardim, o museu Aya Sophia (Santa Sofia) e a Mesquita Azul são as mais visitadas. Santa Sofia foi construída como basílica no século 6,sob as ordens do imperador Justiniano. Foi conquistada pelos otomanos em 1453, ganhou minaretes e perdeu parte de seus preciosos mosaicos e pinturas com cenas bíblicas, recobertos com cal. Desde 1935, funciona como museu e deslumbra os visitantes com sua nave encimada por uma cúpula a 56 metros de altura, revestimento em mármores verde e vermelho e por alguns surpreendentes mosaicos recuperados. A mesquita Azul mantém a atmosfera sagrada. O edifício construído pelo sultão Ahmet I para rivalizar ou ultrapassar a vizinha foi concluído em 1616. Embora continue a ser um local de oração para os muçulmanos, atrai tantos visitantes que é preciso controlar o acesso para não atrapalhar os fiéis.
Externamente, chama a atenção por suas proporções perfeitas e por ostentar seis minaretes, dois a mais do que nas mesquitas tradicionais. No interior de escala gigantesca, paredes recobertas por cerâmicas em tons de azul e vitrais que as iluminam suavemente justificam o nome da mesquita símbolo de Istambul.
Topkapi, o luxo dos sultões
Cruzar os portões do palácio Topkapi é como entrar no espírito das mil e uma noites. Construído sobre um promontório nas proximidades de Sultanhamet, com vista pra o mar de Marmara e o estreito de Bósforo, ele foi a residência oficial de 25 sultões e sede do poder imperial otomano entre 1479 e 1856. Em 1924, sua área de 70 hectares, onde 4 mil pessoas chegaram a viver, foi transformada em museu.
O portão principal e os muros externos tem clara inspiração medieval, mas a sequência de construções nos quatro pátios que se seguem revelam o estilo oriental, entremeadas por jardins e fontes. No interior dos diversos prédios, decorações suntuosas não dispensam painéis azulejados com motivos geométricos e florais, portas entalhadas, divãs em seda e detalhes de decoração em marchetaria. Luxos que os sultões não dispensavam No pavilhão do Tesouro, vitrines faiscantes guardam preciosidades. Todo mundo acaba suspirando ao ver tronos e cadeiras cobertos de pérolas e pedras preciosas, adagas cravejadas de rubis e esmeraldas, caftãs imensos bordados a ouro e o Diamante do Comerciante de Colheres, pedra de 86 quilates, o quinto maior do mundo..Em outra ala, as raridades tem um caráter sagrado como o manto, a espada e fios da barba do profeta Maomé.
Comprar ou comprar
A vocação comercial da Turquia não passa despercebida. Nem que você não tenha paciência para olhar vitrines e pechinchar vai acabar se rendendo às evidências. Em Istambul, o Grand Bazaar, que exibe suas tentações desde o século 15, é considerado o maior mercado fechado do mundo. São cerca de 4 mil lojas, quiosques e bancas num labirinto de quilômetros de ruas, vielas, becos e milhares de pessoas.
Jóias de prata e ouro, tapetes, artigos de couro, imitações de grifes, lustres coloridos, lenços, narguilés e produtos de artesanato, entre outros, desafiam o orçamento do visitante e alegram os olhos. Mais comedido em tamanho e especializado em comestíveis, o mercado Egípcio ou das Especiarias seduz pelas cores, perfumes e pelas ofertas inusitadas. Além de condimentos e ervas aromáticas, é possível comprar caviar russo, os mais exóticos chás, estimulantes naturais, figos e outras frutas secas, embalados adequadamente para viagem. Fora esses templos de consumo, você ainda tem a opção de gastar suas liras nas lojinhas de souvenir onipresentes em qualquer ponto turístico do país.
A humilde morada de Nossa Senhora
Mais de um milhão de pessoas visitam anualmente uma pequena casa de pedra no alto do monte Coressos, a poucos quilômetros de Éfeso. Acredita-se ser ali o local onde a Virgem Maria morou no período final de sua vida (provavelmente entre 37 e 45 d.C.). Ela foi levada para lá por são João, atendendo ao pedido de Jesus Cristo para que cuidasse dela após a sua morte.
Em meio a árvores, a casa de um cômodo tem no interior apenas um pequeno altar com a imagem da Virgem. Inexplicavelmente deixa a todos – religiosos ou não – emocionados pela simplicidade e sensação de respeito e paz. Na saída, ao lado de uma fonte, um muro está recoberto de pedaços de papel, pano ou plástico, contendo orações e pedidos dirigidos à Virgem Maria.
Éfeso, um respeitoso passado
No litoral do mar Egeu, Éfeso – fundada por volta de 600 a.C. pelos jônios –
é a mais bem preservada das cidades antigas do Mediterrâneo. Sob o império romano, tornou-se um rico entreposto comercial e capital da província romana da Ásia. Também ficou conhecida por abrigar uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, o templo de Artemis (ou a deusa Diana, na versão romana), do qual hoje só é possível ver as fundações. No entanto, uma visita às ruínas da cidade – cujo apogeu foi no século 4 - permite constatar sua opulência e ter uma idéia do modo vida de seus habitantes.
Descendo o Caminho Sagrado, uma larga rua pavimentada em mármore,com as marcas das rodas das bigas que ali passavam, você verá um extraordinário conjunto arquitetônico de residências, casas de banho, estabelecimentos comerciais, ricos em detalhes decorativos como mosaicos, colunas e frisos ornados. De tirar o fôlego, a fachada da Biblioteca de Celso (foto), suntuosamente ornamentada com estátuas representando a sabedoria e o conhecimento, e o Grande Teatro, arena com palco e capacidade para 25 mil pessoas sentadas, provam a importância da cultura no cotidiano de Éfeso..
A natureza insólita da Capadócia
Nas estepes da Anatólia, a 700 quilômetros de Istambul, surpreenda-se com a “lua na terra”. A expressão é recorrente para quem chega à Capadócia e tenta entender a paisagem surreal de formas fálicas, conhecidas como “chaminés de fadas”, montes e penhascos em tons de bege, que podem chegar a 15 metros de altura. Milênios de vento e água, esculpiram o terreno de lava vulcânica espalhado por cerca de 130 km2, dando origem a essas formações. Espantosa também foi a ocupação dessas rochas pelas populações que habitavam a região nos períodos bizantino e romano. Escavadas, dotadas de portas e janelas, as rochas vulcânicas serviram como residências, igrejas e escolas. Hoje são apelo turístico de pequenos vilarejos onde as cavernas foram adaptadas para abrigar hotéis de charme e restaurantes. Caminhadas e cavalgadas pelos vales da Capadócia são alguns dos passeios oferecidos. Mas é o vôo em balões de ar quente, com partida ao alvorecer, que promete a melhor experiência na paisagem insólita. Flutuando em baixa altitude, é possível perceber detalhes da intervenção humana no “arquipélago” rochoso.
Ao mesmo tempo, é emocionante vislumbrar no horizonte mais de uma dezena de balões colorindo a paisagem lunar e silenciosa da Capadócia.
Um museu a céu aberto em Gôreme
O vilarejo de Göreme, na Capadócia, preserva um patrimônio da humanidade reconhecido pela UNESCO. O Museu a Céu Aberto é formado por um conjunto de rochas onde os primeiros cristãos esculpiram igrejas, capelas e monastérios. Das cerca de 400 construções identificadas no local, cerca de 15 estão abertas à visitação. Muitas das pequenas capelas e igrejas não dispunham de janelas e o acesso era feito por apenas uma entrada.
A pouca iluminação no interior ajudou a preservar o colorido dos afrescos e pinturas nos tetos executados entre os séculos 8 e 11. Cenas retratando passagens do Velho e Novo Testamento e representações como as de são Jorge –
que, acredita-se, nasceu na Capadócia – santa Catarina e da Virgem Maria são um testemunho artístico da fé cristã no período bizantino.
Comer. Beber, desfrutar
Berinjelas, pepinos, tomates, grão-de-bico, romãs, figos secos e tâmaras, pescados, carnes de carneiro e boi, o cardápio turco tem sabores saudáveis, temperados com azeite, hortelã e outros condimentos. Uma cozinha com forte influência mediterrânea e que aproveita os ingredientes de produção local. Dificilmente, uma refeição turca não será um momento de prazer. Invariavelmente ela tem início com as mezes, entradas frias à base de legumes, queijo fresco, azeitonas, acompanhadas por pão, com ou sem gergelim. Como prato principal, a escolha pode ser um kebab (nome genérico para a carne feita na hora) de carneiro, boi ou frango, acompanhado por coalhada fresca e outros vegetais. Optando pelos pescados, a variedade também é grande: linguado, filhote de atum, anchovas, entre outros, mas sempre será o peixe do dia. E ainda tem a variante dos frutos do mar, com mariscos e lulas recheadas ou fritas.
Para acompanhar, suco de romã, cerveja ou raki, a bebida nacional, de forte teor alcoólico, feita a partir de uvas secas e aromatizada com aniz, que se toma acrescentando um pouco de água. Para terminar, os doces de massa folhada, nozes, pistache e mel, acompanhado de um café turco, no qual o pó vai direto para a xícara. Depois de tomá-lo, vire a xícara sobre o pires e, seguindo a tradição turca, tente ler a sua sorte nos desenhos formados pela borra do café.
Fonte: Por Liana Amaral para revista Host Uol

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