quarta-feira, 14 de abril de 2010

Com paralisação, parte dos serviços da PF é interrompida em SP

Agendamento para emissão de passaportes não foi feita nesta manhã.
Serviço de imigração também não operou.

Quem precisou de alguns serviços da Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (14) em São Paulo teve que voltar para casa ou ainda está esperando na sede da instituição, na Lapa, Zona Oeste da capital paulista. Os policiais federais paralisaram suas atividades e prometem retomar o atendimento às 14h desta quarta. A PF pede reajuste salarial de 24% e diz que essa primeira parada foi apenas um alerta. Caso as reivindicações não sejam atendidas, os policiais prometem retomar a greve dia 28, por dois dias.
Apenas os serviços essenciais, como fiscalização nos aeroporto e a escolta de presos, não foram interrompidos. A emissão de passaportes para quem tinha agendamento foi mantida. Mas quem encontrou dificuldades em realizar o agendamento pela internet e procurou a PF, ficou sem atendimento. Na sede da PF, em São Paulo, são oferecidos serviços relativos às questões de imigração, fornecimento de antecedentes criminais, registro de armas e cadastro de serviços de segurança privada.
O motorista Antônio Eduardo, de 52 anos, diz que está desde fevereiro tentando agendar uma data pela internet para tirar passaporte, mas que não consegue. Nesta quarta resolveu ir pessoalmente à PF. “Tive essa grata surpresa. Orientaram-me a voltar depois das 14h ou amanhã, quinta-feira (15), mas não vou poder. Já perdi um dia de trabalho”, conta ele, que saiu de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, e levou uma hora e meia para chegar ao local.
A secretária Cristina Lopes, de 50 anos, também estava insatisfeita com o atendimento. “Eu ligo e eles nunca atendem o telefone. As coisas aqui não funcionam, a verdade é essa”, reclamou, dizendo que tinha ido buscar o reembolso de uma arma que entregou.
Julie Antelo, de 56 anos, é boliviana e estava tentando tirar o Registro Nacional de Estrangeiros. “Esta é a quarta vez que venho. Nas outras três, me disseram que estavam sem sistema. Agora essa greve. Mas já que estou aqui, vou ficar por perto e tentar voltar as 14h.”

Reivindicações
De acordo com Francisco Carlos Sabino, diretor de relações de trabalho da Federação Nacional dos Policiais Federais e vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Federal, o reajuste salarial pedido é de cerca de 24%. Segundo ele, de 2002 a 2009, o governo federal deu reajuste de 552% a algumas classe do Executivo, enquanto que a PF teve, no mesmo período, 83%.
“Nosso movimento pela reestruturação salarial é nacional. Queremos que seja dado a nós o que foi dado a eles. Nunca se trabalhou tanto na PF, mas não queremos apenas elogios”. Ele afirma que a expectativa é deixar os salários equivalentes aos da Receita Federal. “O salário inicial seria de cerca de R$ 12 mil”, afirma. “Em 2002, nosso salário era referência para os servidores”.

Ação nos aeroportos
Os policiais federais que aderiram à paralisação organizaram também a chamada “operação-padrão” nos aeroportos da cidade para esta quarta-feira. Em Congonhas, a previsão era que a operação começasse às 12h, mas até as 13h os policiais ainda não tinham começado o protesto. Na operação-padrão os agentes conferem os documentos de quem vai embarcar após a passagem pelo detector de metais. Normalmente, a pessoa só entrega a documentação no salão de embarque. A PF acredita que isso deverá causar filas nos aeroportos. No Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, a operação deverá começar às 14h.
“Estamos com vans preparadas e vamos disponibilizar quantas forem necessárias para fazer essa mobilização no aeroporto. Faremos o atendimento padrão, como deve ser feito, como a legislação determina. Temos indícios de que o serviço não é feito da maneira adequada, mas por pessoas sem habilitação e sem comprometimento, que ganham R$ 500. Não podemos deixar que essas pessoas façam nosso trabalho, exigimos que coloquem policiais federais legitimados para serviços de migração”, afirmou Rogério Almeida Lopes, presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Federal de São Paulo.
A paralisação contou também com o apoio do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado de São Paulo, o que estava sendo considerado pela PF uma vitória, já que nem sempre os delegados se mobilizam. “Esse movimento é última instância, porque o governo federal tem menosprezado todos os pedidos e manifestações que as entidades da PF têm entregue, especialmente ao Ministério do Planejamento”, afirmou em discurso Amauri Portugal, presidente do sindicato dos delegados.
“Esse governo sempre se valeu das atividades da Polícia Federal no combate à corrupção e ao crime organizado. Mas quando necessitamos de uma valorização das nossas funções, o presidente Lula nos vira as costas. E na véspera de uma eleição.”

No Rio, tudo normal
A assessoria de imprensa da Superintendência da Polícia Federal do Rio informou que não houve nenhuma alteração nas atividades dos servidores da unidade regional nesta quarta-feira (14). De acordo com um agente da PF do Rio, não há qualquer informação de adesão à paralisação que reivindica aumento salarial, chama a atenção para a falta de uma lei orgânica e exige plano de carreira.
Fonte: por Débora Miranda do G1

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